Desabafos

terça-feira, 2 de junho de 2009

Ontem foi o dia da criança. Foi também o dia do aniversário do pai da minha filha. A Débora recusou-se a ligar ao pai a dar os parabéns. Lembrei-lhe de véspera, voltei a dizer-lhe várias vezes durante o dia e acabei por dizer: ao menos envia uma sms a desejar parabéns! Ela nada. Não gosto que ela seja assim – desapegada.

Como foi também o dia da criança, ela recebeu telefonemas da tia Célia, da tia Fernanda, do tio Chico, todos a perguntar como tinha passado o dia, e recebeu até um pequeno presente da amiga Bel que ela nem conhecia. Depois aqui perto de casa várias vizinhas e amigas perguntaram: Então Débora? Que tal foi o dia da criança? Aí ocorreu-me: Então e o pai? Não pergunta? Não liga?.... E não ligou.

Senti-me estúpida por ter insistido para que ela ligasse para ele. Acima de tudo senti-me triste por mais uma vez constatar os frágeis laços que os unem e por os dois serem assim…. Desapegados um do outro.

Pensando bem… o Verão está a chegar e desde o final do Verão passado a Débora viu o pai 4 vezes:

1ª Passou com ele a passagem de ano (numa situação não muito comum para ela);

2ª Quando eu não andava a bater bem da bola e a obriguei a ir comigo passar o FDS com o pai, porque eu na minha loucura queria estar com ele;

3ª Quando foi ter com os primos ao Mundialito de Futebol, o pai também foi;

4ª Quando a minha irmã a levou ao Zoo e a Ver o Disney on Ice, ficou uma noite em casa da avó, imagino que o pai a tenha ido ver.

Portanto destas 4 vezes, só 2 foi por vontade dele. Será normal? Eu conheço várias situações em que pais e filhos vivem a grandes distancias (até maiores) e lhes é inconcebível a ideia de estar tanto tempo sem os ver. Para mim seria. Será ele o único homem nestas condições que trabalha? Não, não é.

Eu tenho 4 sobrinhos, todos vivem longe, de uma forma ou de outra eu vou acompanhando o seu crescimento. Tento saber quando estão doentes, se ganharam o jogo de futebol ou de voley, sei que passam o fim-de-semana na horta ou nos cavalos, se gostaram, se choraram, se fizeram birra…. Mais ou menos vou acompanhando o crescimento deles (dentro do possível). Pergunto-me: Como é possível não se saber quase nada da vida de um filho? O que gosta; O que o faz vibrar; Porque chora; Chorou?

Pergunto-me ainda mais como será para um filho não ter nunca o pai presente: Nem no jogo de andebol que orgulhosamente ganhou; nem a ver a peça de teatro que deu tanto trabalho a ensaiar; nem a aplaudir a nervosa actuação de Natal; nem no dia do Pai; nem no dia da criança. E já agora… Nem no seu próprio aniversário.

Já respondia a raposa ao principezinho: "Cativar significa criar laços" no "O Principezinho".

Como pude eu insistir tanto com a minha filha para dar os parabéns ao pai?

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